Apelidado de “Museu da Cortiça” (a partir dos anos 60 ou 70 do séc. XX), por parte do seu próprio público, o atual Museu de Santa Maria de Lamas (MSML), foi primitivamente designado pelo seu fundador (o industrial “corticeiro”, Henrique A. Amorim (1902 - 1977)), em pleno decurso da década de 50 do séc. XX, como sendo a sua “Casa dourada”. Uma área de recobro e exibição de múltiplas expressões humanas, intitulada de “Domus áurea: Arquivo de fragmentos de Arte”.
Resultante de um ímpeto pessoal assente na recolha quase “compulsiva” de objetos multidisciplinares, inspirado nos “espíritos” colecionistas, ou mesmo em preceitos base do bricabraque - (Bric à Brac) - português da “viragem” do séc. XIX para o XX, na sua origem, a estruturação primitiva deste Museu seguiu e tentou aproximar-se da norma expositiva dos “Gabinetes de Curiosidades” ou “Quartos das Maravilhas” Europeus, de sécs. XV a XVII. Verdadeiros espaços de exibição simultânea de objetos artísticos nobres e variados símbolos, fragmentos ou artefactos de cariz global. Reflexivos da riqueza histórica, científica, religiosa, populacional, natural, cultural, intelectual, social, geográfica, económica , etnográfica e material, da Humanidade e do Planeta Terra.
Assim sendo, desde a sua criação, este complexo destacou-se dos demais pela quantidade, qualidade e variedade (tipológica e temporal), do seu espólio. Um verdadeiro acervo plural, recuperado e reorganizado do ponto de vista museológico e museográfico a partir de 2004, que preserva, arquiva e expõe coleções de Arte Sacra (sécs. XIII a XX); Gravura e Litografia (sécs. XVIII a XX); Paramentaria; Alfaias litúrgicas; Ex-votos (sécs. XVII a XX); Tapeçaria e bordado (sécs. XVIII a XX); Medalhística (sécs. XIX e XX); Azulejaria (séc. XX); Cerâmica (sécs. XIX e XX); Objetos de uso quotidiano (sécs. XIX e XX); Relojoaria (sécs. XIX a XX); Papel-moeda e Numismática (sécs. XIX e XX); Iconografia do Fundador (ca. décadas de 50, 60 e 70 do séc. XX); Pintura contemporânea (sécs. XIX e XX); Armaria Ibérica (sécs. XIX e XX); Lustres e Candelabros (sécs. XVII a XX); Insígnias honoríficas (sécs. XIX e XX); Falerística (sécs. XIX e XX); Mobiliário (sécs. XVIII a XX); Artefactos indo-portugueses e “Chinoiseries” (ca. sécs. XVIII a XX); Instrumentos musicais; “Artes decorativas” (sécs. XIX e XX); Etnografia portuguesa (sécs. XIX e XX); Estatuária contemporânea (francesa: séc. XIX; portuguesa: sécs. XIX e XX); Fragmentos ligados às Ciências naturais; Escultura em cortiça e derivados (séc. XX), e Arqueologia industrial (ou seja, maquinaria de transformação corticeira com utilização datável entre o séc. XIX e o início do séc. XX).
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